
O Terror não poupou nem o rei do futebol
Era pra ser uma grande festa. Um beneficente jogo de estrelas com a presença de Eusébio e Pelé para promover a Copa das Nações Africanas
Logo naquele continente em que um dia de 1969 o Rei Pelé fez parar uma guerra para que o Santástico pudesse seguir seu caminho em segurança - mesmo tendo que passar em área de conflito-, hoje 41 anos depois, o próprio Pelé foi impedido de brilhar num evento que serviria para ajudar os ainda mais necessitados angolanos.
É triste, mas o terror não poupou nem o Rei Pelé

Tenho amigos morando em Angola - vários que já moraram-, torcia muito para que o torneio fosse um completo sucesso. È o primeiro grande evento de um país que carece de tantas oportunidades externas. É a maior chance de se mostrar ao mundo dos investimentos. Tive oportunidade de trabalhar neste evento, infelizmente não aconteceu por conta da crise mundial. De todo modo, continuo na torcida para que tudo se acalme e esse triste episódio seja superado.
Honestamente não queria ver manchado o continente todo e é inevitável que própria Copa 14 já começe sob atenção e porque não dizer tensão.
Mas a 27ª CAN começa amanhã. Sem Togo. A ordem de Lomé, capital do país, foi clara:
“O governo togolês decidiu pedir o retorno de sua equipe. Não podemos continuar na competição nessas condições dramáticas. Isso é necessário, já que os jogadores estão traumatizados”.
Clubes da França e da Inglaterra, onde atuam a maioria dos jogadores que disputam a competição africana, também já expressaram preocupação. Muitos estão de sobreaviso e deixaram claro de que se qualquer atleta se sentir inseguro que volte para a Europa imediatamente.

A pergunta agora é: com a desistência de Togo como ficará o grupo que ainda tem Gana, Burkina-Faso e Costa do Marfim, adversário do Brasil na Copa que começa daqui a cinco meses e dois dias. Um dos jogadores da seleção de Togo sugeriu que as outras seleções que vão jogar na região de conflito, boicotem o torneio. Tal situação seria desastrosa para Angola.
A escolha de Cabinda pra sediar um dos grupos da CAN foi uma forma do governo mostrar que a região é importante, que é de Angola, união da nação coisa e tal. Mas não é. O grupo separatista Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (Flec), que luta pela independência da região desde 1975 - quando Angola deu adeus ao governo de Lisboa e seguiu sua vida-, quer ver sangue. O território entre os Congos e Angola tem muito petróleo e importa muito para o governo de Luanda (aliás, a palavra enclave quer dizer que se trata de um território totalmente cercado por outro território). O povo local diz que não vê a grana retornar e aí junta tudo numa região remota, pobre, violenta e desamparada do planeta e está armada uma grande confusão.
Pena que dessa vez o esporte foi vítima. Podia ser a solução.

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