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domingo, 8 de março de 2020

Lá vem o Brasil...



Leia a íntegra do discurso do professor Felipe Boff
"A imprensa brasileira vive seus dias mais difíceis desde a ditadura militar. Entre 1964 e 1985, jornalistas foram censurados, perseguidos, presos, torturados e até assassinados, como Vladimir Herzog. Hoje, somos insultados nas redes e nas ruas; perseguidos por milícias virtuais e reais; cerceados e desrespeitados por autoridades que se sentem desobrigadas de prestar contas à sociedade. Todos sabem – mesmo aqueles que não acompanham as notícias – quem é o principal propagador dessa ameaça crescente à liberdade de imprensa. É o mesmo que também considera como inimigos os cientistas, professores, artistas, ambientalistas – como se vê, estamos bem acompanhados.
No ano passado, segundo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistaso presidente da República atacou a imprensa 116 vezes  em postagens nas suas redes sociais, pronunciamentos e entrevistas. Um ataque a cada 3 dias.
Querem exemplos? "É só você fazer cocô dia sim, dia não." "Você está falando da tua mãe?" "Você tem uma cara de homossexual terrível." "Pergunta pra tua mãe o comprovante que ela deu para o teu pai." É dessa forma chula e rasteira que o presidente da República, a maior autoridade do país, costuma responder aos jornalistas. Seus xingamentos tentam desviar a atenção das respostas que ele ainda deve à sociedade. Nos casos citados, explicações sobre o retrocesso da preservação ambiental no país, sobre os depósitos do ex-assessor Fabrício Queiroz na conta da hoje primeira-dama, sobre o esquema da “rachadinha” de salários no gabinete do filho hoje senador, sobre o envolvimento da família presidencial com milicianos.
O presidente das fake news, que bate na imprensa cada vez que ela informa um fato negativo sobre ele e seu governo, é o mesmo que deu 608 declarações falsas ou distorcidas – quase duas por dia – ao longo de 2019. O levantamento é da agência de checagem Aos Fatos. Querem exemplos? “O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente no mundo.” “Leonardo Di Caprio tá dando dinheiro pra tacar fogo na Amazônia.” “O Brasil é o país que menos usa agrotóxicos.” “Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira.” “Nunca teve ditadura no Brasil.”
Em 2020, depois de completar um ano de mandato com resultados pífios na economia e desastrosos na educação, na cultura, na saúde e na assistência social, o presidente não serenou. Redobrou os ataques à imprensa. Aplicou o duplo sentido mais tosco à expressão jornalística “furo” para caluniar a repórter que denunciou a manipulação massiva do WhatsApp na campanha eleitoral. Atacou outra jornalista, mentindo descaradamente, para negar a revelação de que compartilhou vídeos insuflando manifestações contra o Congresso e o STF.
E segue promovendo o boicote à imprensa, com exceção daqueles que aproveitam o negócio de ocasião para vender subserviência e silêncios estratégicos. Aos veículos que não se dobram ao seu despotismo, o presidente da República impinge pessoalmente retaliações financeiras diretas, pressão sobre anunciantes e difamação de seus profissionais. Pratica, enfim, toda sorte de manobras sórdidas para tentar asfixiar o jornalismo e alienar a população dos fatos. E já nem se preocupa em disfarçar suas intenções. Querem um último exemplo? Declaração de 6 de janeiro deste ano, dita pelo presidente aos jornalistas “Vocês são uma raça em extinção”.
Não, presidente, não somos uma raça em extinção. Ao contrário. Somos uma raça cada dia mais forte, mais unida, mais corajosa, mais consciente. Basta olhar para estes 21 novos jornalistas que estamos formando hoje. Basta ler os dizeres na camiseta deles: “Não existe democracia sem jornalismo”.
Esta é a mensagem a ser destacada nesta noite: quando tenta calar e desacreditar a imprensa, o atual presidente da República ameaça não só o jornalismo e os jornalistas. Ameaça a democracia, a arte, a ciência, a educação, a natureza, a liberdade, o pensamento. Ameaça a todos, até aqueles que hoje apenas o aplaudem – estes, que experimentem deixar de bater palma para ver o que acontece.
Para encerrar, gostaria de citar o exemplo e as palavras do grande escritor e jornalista argentino Rodolfo Walsh. Precursor da reportagem literária e investigativa e destemida voz contra o autoritarismo e o terrorismo de Estado, Walsh pregava que “Ou o jornalismo é livre, ou é uma farsa, sem meios-termos”. Dizia também que “um intelectual que não compreende o que acontece no seu tempo e no seu país é uma contradição ambulante; e aquele que compreende e não age, terá lugar na antologia do pranto, não na história viva de sua terra”.
Rodolfo Walsh foi sequestrado e assassinado pela ditadura argentina em 25 de março de 1977. Na véspera, publicara corajosamente uma “carta aberta à junta militar”, denunciando os crimes do sanguinário regime, que então completava apenas seu primeiro ano. Estas foram as últimas palavras que Walsh escreveu: “Sem esperança de ser escutado, com a certeza de ser perseguido, mas fiel ao compromisso que assumi, há muito tempo, de dar testemunho em momentos difíceis”.
Jornalistas, este é o nosso compromisso. Não deixaremos que a tirania nos cale mais uma vez."

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O Blog Apoia o movimento

Nesse ano sombrio para a democracia brasileira, fortalecer o jornalismo é um presente para toda a sociedade. Apoie a Pública, seja um Aliado: aliados.apublica.org



sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Mano, que Daora isso


VEM CRIAR UM JORNAL COM A GENTE

Quanto custa dar um jornal novo para a cidade? Um site que seja capaz de arejar a democracia e trazer informações relevantes para quem vive aqui?

A Rosiane e eu temos nos feito essa pergunta faz muito tempo, mas especialmente nos últimos 40 dias, desde que essa possibilidade se tornou real.

E a gente descobriu que dá para fazer isso com R$ 5. Que se mais gente estiver nesse barco e cada um estiver sentindo a mesma necessidade de um jornalismo "livre, leve e laico", dá para todo mundo se juntar e fazer acontecer.

E é isso que eu estou anunciando aqui. Não é só o Caixa Zero que está voltando. Ele se transformou na semente de um novo veículo, o Plural.

Colaborativo, o site está decolando não apenas pelo empurrão de gente que decidiu trabalhar no portal antes mesmo de ele existir (logo vamos anunciar mais nomes).

O Plural está se tornando realidade pelo apoio de quem decidiu que a cidade precisa disso. Ontem, fizemos a estreia de nosso projeto no Catarse, mas contamos para pouca gente. Só uns poucos amigos, para testar. E o resultado foi muito bom.

* VEJA O LINK NO PRIMEIRO COMENTÁRIO

Em poucas horas, conseguimos dezenas de assinaturas, de gente que topou pagar não só os R$ 5 mínimos, mas que decidiu apoiar mais, simplesmente por acreditar na ideia, por acreditar na gente, por acreditar na democracia.

A vida tem sido bem emocionante nos últimos dias. Não só no sentido de deixar a gente empolgado, mas pelo carinho com que as pessoas aderem a essa ideia.

Um jornalismo que se interesse pelos fatos da cidade, não por obsessões. Que queira informar, não converter. Que escolha seus colaboradores com base em talento, não em ideologia.

Curitiba precisa de mais. Uma cidade de quase dois milhões de pessoas tem histórias de sobra, tem problemas aos montes. E para essas duas coisas, precisa de jornalismo fiel, responsável e aprofundado.

Por isso eu, que nunca te pedi nada (talvez isso seja verdade, talvez não), peço pra você dar uma olhada no nosso Catarse. E considere se vale a pena ou não fazer esse jornal junto com a gente.

O Plural está aí. Só depende de você.