Ele amava os livros.
Ela amava as flores.
Conheceram-se. Ele lhe levava flores, ela comprou um livro - apaixonaram-se.
Os livros esquecidos, as flores minguando nos vasos, entregaram-se a uma paixão voraz de esperas e entregas em delírio.
À primeira trégua, saciados, ele voltou a visitar os livros e ela ressucitou violetas esmaecidas. Ele admirou as violetas e ela lhe deu em voz alta alguns poemas.
Mas ela não amava os livros nem ele queria sinceramente as flores.
Então houve ciúmes. De livros e flores. Preteridos, amaram mais e mais, respectivamente, flores e livros.
Cada qual à sua devoção, passaram a repudiar a devoção alheia. Ela atirou um livro de poemas na lareira, ele quebrou um vaso de crisântemos toldado de amarelo.
A casa - uma enorme e disforme biblioteca, um imenso jardim errático.
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