segunda-feira, 21 de março de 2016

Obrigado Gianluigi Buffon


Futebol pra mim é poesia. E no dia da Poesia escolhi uma carta que Gianluigi Buffon, goleiro da Juventus de Turin, deixou aos amantes da bola ao completar, no último final de semana, 929 minutos sem tomar gol e bater um recorde da Itália. Buffon, grande goleiro, se mostrou bom também com as palavras ao escrever essa declaração de amor ao Gol:




Tinha 12 anos quando te virei as costas.
Reneguei o meu passado para te garantir um futuro seguro.
Uma escolha de coração.
Uma escolha de instinto.
No mesmo dia em que deixei de te olhar no rosto, comecei a te amar.
A te proteger.
A ser o teu primeiro e último instrumento de defesa.
Prometi a mim mesmo que faria de tudo para não cruzar nunca o teu olhar. Ou para fazê-lo o menos possível. Mas cada ocasião dessas foi um sofrimento, ter que me virar e perceber que tinha te decepcionado.
Mais uma vez.
Ainda outra vez.
Sempre fomos opostos e complementares, como a Lua e o Sol.
Obrigados a viver um ao lado do outro, sem podermos nos tocar.
Companheiros de vida a quem é negado o contato.
Há mais de 25 anos eu fiz o meu voto: jurei te proteger e te guardar. Fui teu escudo contra os inimigos. Sempre pensei no teu bem, colocando-o na frente do meu. E todas as vezes que me virei para te olhar, tentei encarar a tua expressão decepcionada de cabeça erguida, mas me sentindo conscientemente culpado.
Tinha 12 anos quando voltei as costas ao gol.
E continuarei a fazê-lo. Enquanto as pernas, a cabeça e o coração continuarem no comando.



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