quinta-feira, 14 de abril de 2022

Obrigado Rincón

Foi no Mundial de 90. A Colômbia tinha jogado melhor que a Alemanha, mas perdia por 1 a 0 e já estavam no último minuto.

A bola chegou ao centro do campo. Ela procurava uma coroa de cabeleira eletrizada: Valderrama recebeu a bola de costas, girou, soltou-se de três alemães que o chateavam e passou-a a Rincón, sua e minha, minha e sua, tocando e tocando, até que Rincón deu alguns passos de girafa e ficou sozinho na frente de Illgner, o goleiro alemão. Illgner fechava o gol. Então Rincón não bateu na bola: acariciou-a. E ela deslizou, suavezinha, pelo meio das pernas do goleiro, e foi gol.
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Eduardo Galeano em "Futebol ao sol e à sombra"

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