segunda-feira, 24 de março de 2025

A Morte de Dom Quixote

⚜️ Sua morte no romance de Miguel de Cervantes não é apenas o encerramento de uma narrativa, mas um ato simbólico carregado de significados filosóficos e literários. 
O desfecho marca o retorno de Alonso Quijano à lucidez, em um momento de resignação e aceitação de sua condição mortal. 

Essa volta à razão, contudo, também representa o fim de sua essência quixotesca  a negação da realidade em prol de um ideal.

Cervantes utiliza a morte do personagem para refletir sobre os limites entre sanidade e loucura, fantasia e realidade, e a inevitável passagem do tempo.

Historicamente,Quixote surge em um período de transição cultural, quando os ideais medievais de cavalaria e heroísmo estão em declínio, sendo substituídos por valores mais pragmáticos do Renascimento e da modernidade emergente. 

A morte do cavaleiro errante, portanto, pode ser vista como uma alegoria do fim de uma era romântica e a chegada de uma visão mais desencantada do mundo.

Ao mesmo tempo, a decisão de Cervantes de "matar" seu personagem também possui uma dimensão metatextual. 

Isso se relaciona à rivalidade literária com Alonso Fernández de Avellaneda, autor de uma continuação apócrifa de Dom Quixote. 

Ao finalizar a vida do cavaleiro, Cervantes garante a integridade de sua criação, fechando qualquer possibilidade de apropriação por terceiros.

Assim sua morte transcende sua literalidade e permanece como uma metáfora rica para os dilemas humanos. 

Ela nos convida a refletir sobre a fragilidade da existência, o poder transformador da imaginação e a coragem de desafiar os limites impostos pela realidade, mesmo diante da certeza de nossa finitude.
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