O ex-presidente Jair Bolsonaro não estava só na disseminação de desinformação sobre a COVID-19 durante a pandemia. Um estudo publicado em 2023 no periódico Journalism Practice mostrou que a grande mídia brasileira atuou como câmara de eco para seu discurso negacionista, ajudando a ampliar o alcance e a repercussão de suas sandices ao reproduzir em manchetes e textos, sem crítica ou contexto, as mentiras e falas enganosas do então presidente.
No estudo, pesquisadores da UFRGS e da Universidade do Sul da Dinamarca analisaram 111 matérias relacionadas a 21 episódios de desinformação emitida por Bolsonaro e constataram que, em mais de 60% dos casos, os títulos apenas repetiam as declarações do então presidente. Apenas 13% traziam algum tipo de correção ou esclarecimento sobre suas falsidades, e pouco mais de 26% ofereciam alguma contextualização. Esse tipo de “jornalismo declaratório” ajudou a amplificar a desinformação e comprometeu o combate à pandemia.
Como lembra o filósofo e acadêmico americano Lee McIntyre em seu livro “Post-Truth” (“Pós-Verdade”), o ponto de equilíbrio entre a verdade e a mentira ainda é mentira. O estudo alerta: manchetes são atalhos de informação que moldam percepções e, quando apenas reproduzem declarações sem crítica ou contexto, tornam-se ferramentas da desinformação. Saiba mais no texto completo do jornalista científico Cesar Baima no site da RQC. Link na bio ou nos stories.
https://revistaquestaodeciencia.com.br/index.php/artigo/2023/03/03/grande-midia-foi-camara-de-eco-da-desinformacao-de-bolsonaro-na-pandemia
Nenhum comentário:
Postar um comentário