segunda-feira, 4 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
Gostei!
Inês Pedrosa - O Estado de S.Paulo
Durante os breves dias que passei agora no Brasil, pasmei com a ferocidade da campanha contra um projeto de poesia de Maria Bethânia. O meu pasmo foi subindo de degrau em degrau a cada hora de cada um dos cinco dias e terminou num miradouro de indignação. Parece-me útil dar a ver aos brasileiros o panorama feio que os meus portugueses olhos divisaram - amo demais o Brasil para poder ficar fora dele mesmo quando ele me deixa fora de mim, mas temo que assim não aconteça com corações mais turísticos do que o meu.
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Paulo Pinto/AE
Maria Bethânia. Trabalho literário pioneiro e pedagógico
O coro de virgens ofendidas com a verba que o Ministério da Cultura autoriza a captar para o projeto de Bethânia (R$ 1,3 milhão) é patético por diversas razões, a primeira das quais é a suposição cândida de que, a não ser investido na divulgação de poesia de língua portuguesa a que Bethânia se propõe, esse dinheiro seria canalizado para escolas, hospitais e o escambau. Verdade seja que a lista dos projetos aprovados pelo MinC inclui muita coisa que, vista de fora, me parece o escambau. Em Portugal, a Lei do Mecenato não funciona, porque o conceito de desenvolvimento através das artes ainda não conseguiu furar a massa cinzenta dos empresários lusitanos. Por isso, os apoios à cultura saem diretamente do bolso dos contribuintes, o que os torna sempre polêmicos e sujeitos à conspiração das invejas organizadas - a mais eficiente organização do país.
Eu tinha a ilusão de que o Brasil não era assim - via o Brasil virado para o futuro, incompatível com o ressentimento. Ainda quero ver, porque o Brasil onde eu moro e quero cada vez mais morar é povoado por artistas que se inspiram mutuamente, estudiosos ousados, enfim, gente que não perde tempo a envenenar-se e a envenenar os outros. Pobres puritanos da moral alheia: a grana que patrocinará Bethânia nunca serviria para pagar outras coisas. Por quê? Porque Bethânia não é uma coisa qualquer. O que ela faz tem repercussão. Possui um talento e uma voz únicos. Aguentem-se.
Por que será que só o projeto de Bethânia é sujeito ao escrutínio da maledicência? Porque Bethânia é uma estrela - de fato. Enche quantas vezes quiser as maiores salas de espetáculos de Portugal, da Europa e de várias partes do mundo. Por que o Ministério da Cultura do Brasil a subsidia? Não: porque tem um percurso internacionalmente reconhecido. Como cidadã da gloriosa pátria da língua portuguesa - a única pátria em que, tal como Fernando Pessoa, me reconheço -, agradeço-lhe diariamente o seu trabalho de muitas décadas em prol da poesia e dos poetas desta língua, de Pessoa a Guimarães Rosa, de Vinicius de Moraes a José Régio, de Sophia de Mello Breyner Andresen a João Cabral de Melo Neto. Se me tornei, ainda adolescente, leitora de José Régio, a ela o devo. O meu fascínio por Pessoa começou com a voz dela. E foi dela que recebi o primeiro estímulo para a descoberta da sublime literatura brasileira. Não há muitos cantores populares por esse mundo que se dediquem, de um modo contínuo, a este trabalho pioneiro e pedagógico. Penso que a visível subida do nível cultural do Brasil nas últimas décadas deve muito a Maria Bethânia. E tenho a certeza que a literatura portuguesa tem uma dívida imensa para com ela - toda a minha geração foi tocada pelos seus poetas, mesmo ou sobretudo quando, aos 20 anos, ia ouvi-la apenas para encontrar consolo para a vertigem das paixões mal sucedidas.
A 8 de março de 2010 fui ao Rio para, em nome da Casa Fernando Pessoa e em parceria com o Instituto Moreira Salles, galardoar Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli com a Ordem do Desassossego, então instituída. Quisemos que a primeira atribuição dessa Ordem fosse uma homenagem ao Brasil e a essas duas heroínas da divulgação da obra de Fernando Pessoa. Pouco depois, Bethânia foi a Portugal fazer um show e contatou-me, dizendo que queria oferecer um recital de poesia de língua portuguesa na Casa Fernando Pessoa. E ofereceu - sim, gratuitamente, escandalizem-se, oh virgens! - um espetáculo belíssimo, concebido, encenado e realizado por ela, aliando interpretação e canto, com uma inteligentíssima seleção dos maiores poetas de Portugal e do Brasil. As paredes da Casa iam estourando, tal a multidão e o deslumbramento.
Nessa ocasião, Bethânia falou-me da sua vontade de levar pelo interior do Brasil e de Portugal um conjunto de espetáculos desses, exclusivamente dedicados à poesia. Que Bethânia ou alguém próximo dela (porque Bethânia nem sequer é praticante da religião das redes virtuais) tenha acrescentado a esse projeto a circulação dos poemas ditos na internet, parece-me uma excelente e eficaz ideia. Sim, opulentos invejosos, já há muita poesia na net - mas não dita e encenada por Bethânia. A voz e o critério dela chegam mais longe, movem mais almas - é isso que não se lhe perdoa. Caetano já o disse, numa crônica coruscante, no Globo. Mas eu quero repeti-lo, porque não sou irmã dela - amo-a, sim, como comecei a amá-lo, desde a mais tenra juventude e sem os conhecer de parte alguma nem saber onde ficava Santo Amaro da Purificação, de onde ambos vieram, sem patrocínios nem padrinhos, para acrescentar luz e força às nossas vidas. Amo-os porque as suas vozes e os seus dons criativos me fizeram e fazem acreditar que o mundo pode ser um lugar mais belo e mais sábio. O Brasil está a dar certo porque eles - e muitos outros como eles, e uma multidão com eles - assim o quiseram. E isso só não vê quem não quer - ou não é capaz - de ver.
INÊS PEDROSA É ESCRITORA E DIRETORA DA CASA FERNANDO PESSOA
Pato, Aquino, Cavani e Carecone
Nada como uma forte gripe pro sofá e a TV virarem seus companheiros no final de semana esportivo...
Até aqui foi tudo de bom na tela.
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Pato, Aquino, Cavani e Carecone
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Pato mandou bem, mas Seedorf foi o melhor em campo. As assistências e posicionamento na meia-cancha. O estádio Giuseppe Meazza viu uma apresentação de gala deste atleta sul-americano. O Surinamês (nasceu em Paramaribo), naturalizado holandês -, completou 35 anos na sexta-feira e no sábado nos deu de presente uma aula de classe futebolística. Valeu sir Clarence Clyde Seedorf.
Ficou bonito pro Pato que fez dois e alegrou o chefe, sogro e primeiro ministro Berlusconi.
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A Santa Ceia feita pelos milanistas colocando o ex-jogador Leonardo – hoje técnico da Inter – como Judas também vale o registro. Santa Criatividade.
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Quem também está dando gosto de ver é o Coritiba.
Outra goleada sacramentou sua 17ª vitória consecutiva no ano. Anderson Aquino é reserva no ataque e nos últimos três jogos fez seis gols.
Claro que dá pra falar o quanto Ronaldo foi pé frio para o Real. Antes do jogo contra o Sporting Gijón ele recebeu homenagens, deu pontapé inicial e depois 1 a 0 para os visitantes. A derrota no Santiago Bernabeu doeu mais para o técnico José Mourinho que viu encerrar uma marca histórica: ele não perdia como mandante há 150 partidas, ou nove anos, desde quando o português dirigia o Porto.
O Eduardo, atacante do São Caetano, marcou cinco gols nos 6 a 1 diante do vizinho São Bernardo e merece destaque. Cinco num jogo só não é todo dia.
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Pra completar o bom fds esportivo, o Napoli do uruguaio Cavani, goleou de virada a Lazio num jogão de bola. Careca estava por lá e foi ovacionado no San Paolo. Naquele mítico lugar ele e Maradona fizeram até chover. Aliás, Carecone já havia sido muito festejado pela imprensa italiana quando estava em Milão para Il derby della Madonnina.
Merecido.
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sábado, 2 de abril de 2011
Mais meia dúzia pra conta
O Coritiba venceu a 17ª partida seguida na temporada, sendo a 13ª pelo Campeonato Paranaense - um novo recorde naquele estadual. Os 6 a 2 no tradicional Rio Branco de Paranaguá mostrou a força de um líder contra uma equipe que luta para não cair. Previsível.
O mesmo não se pode dizer da próxima partida diante do ex-Malutron. Vitória por favor!
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