sábado, 21 de fevereiro de 2009








XV e muito

Poucas cidades no mundo têm o luxo de ter a melhor rua da cidade exclusiva para pedestres. Curitiba excede, enfeita-a a via e chama de Rua das Flores. Porque também tem flores. Muitas, belas, que formam um ótimo cenário para o desfilar das polaquinhas de bochecha rosada, como diria o escritor Dalton Trevisan, outro filho da terra.
É que o “Calçadão da XV” é muito especial pra essa cidade. Imagine uma linha reta que liga dois dos mais importantes monumentos da cidade em menos de 20 minutos. Assim é a Rua XV de Novembro, também conhecida como a Rua das Flores. Um espaço que privilegia o caminhar possibilitando assim contemplar a bonita arquitetura que segue preservada nessa que é pra mim a mais charmosa avenida da cidade.



Ali vivi grandes e inesquecíveis histórias. Com meu pai e minha irmã, aos sábados, lembro que em frente ao Bondinho havia um grande rolo de papel esticado no chão, dividido por pedaços de madeiras onde cada criança ficava “no seu quadrado” desenhando com pincéis e latas de tintas durante as manhãs ensolaradas daquela Curitiba do final dos anos 70. Comer o tradicionalíssimo cachorro-quente no bar que é freqüentado por minha família ha mais de 70 anos. A Rua XV de Novembro é um patrimônio dos curitibanos e também daqueles que gostam de boas idéias. Ela foi fechada para carros no começo daquela década e virou um point da cidade. Um verdadeiro shopping a céu aberto, mas com sol e se ar-condicionado. Eu sou apaixonado por essa rua. Ela começa (pra mim) na Praça Santos Andrade, onde fica a Universidade Federal, a primeira Universidade do Brasil; um conjunto arquitetônico belíssimo, repousado defronte uma belíssima praça que tem no seu final simplesmente o Teatro Guaíra, o maior palco da cultura paranaense.

Voltando à Rua XV de Novembro, ela começa sob um cenário lúdico, de ensino e sabedoria, segue caminhando pela história da cidade; lojas bancos, lanchonetes preenchem a arquitetura que resiste em contar uma história pouco falada na cidade (afinal quem morou naquele sobrado? E aquele casarão de quem foi? O que funcionava aqui no século passado?...).
Até o Bondinho são pelo menos quatro quadras até chegar à Boca Maldita. Palco romântico da política curitiboca; onde fica os cafés, o engraxate, chamado de boca do brilho. Ali, no final da XV existe o coreto da Praça Osório, este sim um marco da política local e nacional. Foi ali que aconteceu o primeiro comício das Diretas Já. Tenho muito orgulho de ter estado lá e em tantos outros históricos, muitos ao lado de minha companheira e camarada irmã Márcia Freitas.
A XV de Novembro tem tantas histórias...


Do Clube

Este post é uma homenagem ao meu primo Alex Galvão. Sujeito boa praça e que não mora mais em São Paulo infelizmente. Ficam por lá as saudades e lembranças de um grande companheiro de copo, tacos, time e baralho.
Um beijo no coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário